Saturday, November 11, 2006


[síndrome do espelho e das pessoas conhecidas]

Conta a ciência que existe tal síndrome: uma que você se olharia no espelho e não se reconheceria. Veria pessoas que lhe eram conhecidas, e elas não mais lhe pareceriam conhecidas.

Pergunto-me se todos nós, na realidade, não sofremos de tal síndrome.

Pois há muitas vezes em que nos olhamos de fato no espelho e já não vemos quem nós éramos.

E há também inúmeros momentos em que olhamos pessoas que um dia nos foram queridas e nos permitimos passar por elas como por meros estranhos.

São muitos os caminhos que tomamos para que não soframos mais.

São muitas as vezes em que percebemos que crescemos e nos tornamos outro alguém: não necessariamente melhores ou piores, mas diferentes.

Eu não sei. Passo a vida a perguntar tantas coisas... Essas são mais outras perguntas que se juntam às tantas.

E a verdade é que aprendo a cada dia. Sobre meus erros. Sobre meus acertos.

Sobre as vezes em que eu gostaria de ter agido diferente.

Sobre os momentos em que eu gostaria que tivessem agido diferente em relação a mim.

Carrego a bandeira de que tudo que nos acontece, acontece por uma razão. E acredito sim piamente nisso.

Sei com toda a certeza que possa haver em mim, que tudo o que já se deu em minha vida mudou algo em mim. Nada me aconteceu simplesmente por acontecer.

Da menor alegria à maior dor: tudo me transformou um pouquinho: me transforma ainda.

E pode ser que seja simplesmente uma forma de amar a mim mesma, de ser condescendente comigo mesma, mas entre acertos e entre erros, tomo-os para o melhor. Faço-os minha massa de modelar. O talhe que me molda. Que me fala como ser daqui para frente.

Aos outros, belos outros tão falhos como eu, eu digo:

Façamos de conta que estamos todos nós a morrer.
E que é tempo que desculpemos nossas falhas.

E, a cada um de nós que vive, sendo a vida um estado apenas, sabemos que estamos sim todos a morrer e que não há por que nos ocuparmos com amarguras.

A ti, vida, um brinde.



No comments: