Sunday, July 30, 2006



[expectativas]

Existem duas comunidades no orkut que, por mais que vez por outra me tentem, eu sempre percebo que não caibo nelas: odeio politicamente corretos e odeio pseudo intelectuais.

E as razões são até bem simples: 1. uma vez que sei tão superficialmente sobre a maioria dos autores que cito, me qualifico instantaneamente como uma pseudo-intelectual [embora saiba a linha que me separa dos sem-noção] e 2. sou politicamente correta [e isso sou praticamente cem por cento].

Por que resolvi começar assim um post que fala sobre expectativas? Hummm.. Give me a minute... Ah, porque uma fina linha separa isso tudo...

Na minha opinião, todos nós temos nossos momentos de pseudo-intelectuais, de politicamente corretos, de caretas, de equilibrados, de mentalmente debilitados...

Todos nós vivemos papéis de mocinhos e de vilões ao longo de nossas vidas.

E as expectativas, bem, já me disseram que o melhor é não criá-las, que elas só atrapalham, que só servem para que inevitavelmente se transformem em decepção.

Já tentaram me passar a filosofia do não espere nada de ninguém.

Já até me disseram que a culpa é de quem cria as expectativas, e não de quem não consegue atingi-las.

Como boa mulher politicamente correta digo: não acho que haja culpados.

Acho que o que existe são visões diferentes. Desejos diferentes. Olhares diferentes sobre o momento e a situação vivida.

Mas acredito sim nas expectativas.

Aliás, as tomo quase como uma filosofia.

Sim.

Amo esperar o melhor das pessoas que amo. Adoro ser surpreendida por elas. Amo vê-las crescerem diante dos meus olhos. Se transformarem em borboletas que voam cada vez mais alto.

Não esperar nada de ninguém? Hã? Não, não eu. Sinto muito, mas não eu. Eu espero sim. Espero por simplesmente conhecer as pessoas de quem espero. Simplesmente por saber ver sua beleza, sua imensidão, sua grande capacidade de ser incrível.

Se já sofri por isso? Claro! Se já me decepcionei? Sim.

Ainda assim, vejo as expectativas como combustível de sonhos.

E crio expectativas em torno de mim mesma até: me dando prazos específicos para atingir tal meta, imaginando o que quero para mim, para minha vida.

Se vou frustrar essas expectativas? Algumas sim. Outras não.

Mas como elas sequer poderiam ser consideradas possíveis de serem realidade um dia, se não as criasse?

Não criar expectativas? Por favor!

Se há alguém que devesse gritar isso, seria a vida. Não as pessoas. Não as pessoas.

Somos criadores de expectativas naturais.

Do que queremos do nosso amor, dos nossos amigos, do nosso trabalho, dos nossos planos, dos nossos filhos, dos nossos irmãos, dos nossos pais, do nosso dia, até.

Óbvio que vivemos em um mundo aonde a desconstrução é bem mais comum e acessível que a construção.

E expectativas não atingidas às vezes nos levam a um caminho de desconstrução que, quando levado a extremos, é muitas vezes sem volta.
E há que se ter cuidado com isso.

Momentos devem ser respeitados. Essências devem ser reconhecidas. Deve-se saber o que se quer e, uma vez certos disso, segurar firmemente.

Mas é bom saber que as expectativas são sim como uma bandeira de reconhecimento.
Expectativas nunca atingidas não são um bom sinal.

Porque a verdade é, receio, que expectativas são muitas vezes um indicativo não apenas do que se espera, mas do que se quer.

E não falo apenas emocionalmente, mas racionalmente: são um sinal do equilíbrio entre o que se dá e o que se recebe.
Do que é e do que poderia ser.

E nós todos temos os mesmos medos: de não conseguirmos ser felizes, de acabarmos sozinhos, do nosso amor nos deixar, dos nossos filhos se tornarem pessoas tristes, de nos tornarmos amargos, de não sermos bem-sucedidos, de não termos o dinheiro necessário no fim do mês, da morte, de adoecer, de envelhecer sozinhos, de engordar demais, de não conseguir realizar nenhum de nossos sonhos ou planos, de se machucar, de perder o que achamos importante...

Não criar expectativas? Isso não me parece sequer lógico.

No entanto também não parece nada simples, não é?
Mas, em se tratando de humanos, o que é?

Só sei que continuarei criando expectativas.

Até porque, quando acordo de manhã, eu quero ter um bom dia.




2 comments:

Anonymous said...

lana, que lindo!
tu consegue transformar, numa freqüência muito boa, amenidades em profundidades sensacionais.
um requinte com as palavras, um sentimento que só vi poucos conseguindo passar do jeito certo, autêntico.

[obrigada pelos abraços virtuais, meu bem. tu é uma fofa mesmo.]

Asgardiano said...

como tu tem blog e nao espalha? :P