Tuesday, July 17, 2007

[cumplicidade]

Uma coisa incrível aconteceu comigo ontem.

Não sei bem se será incrível a outros olhos que não os meus, mas lhes digo que jamais esquecerei o que senti naquele momento e o olhar que troquei com a mãe que irei relatar aqui.

A equipe do laboratório de pesquisa de que faço parte saiu para os confins do campus da UNIFOR para lanchar em uma das quitandas mais escondidas: é tempo de férias, o campus está vazio, e queríamos a desculpa de caminhar um pouco mais para que o lanche também consumisse um pouco mais de tempo.

Para quem não o sabe, o campus da UNIFOR é lindo, cheio de verde, árvores e ocasionalmente algum animal menos doméstico: como “soim” [mais conhecido fora do nordeste como Sagüi], iguana, etc.



Estávamos todos conversando quando um de nós apontou: olha, um soim! Não demora muito, outro da mesa fala: olha outro!

E outro!
E outro!

Está cheio!

Dentro de poucos segundos tinham em torno de quinze macaquinhos na árvore, todos gritando muito e se comportando de forma apreensiva.

Foi quando olhamos para o chão e percebemos a causa: um macaquinho bebê havia caído no chão.

Todos os macacos da árvore queriam pegar o macaquinho mas o ambiente estava cercado de gente – além dos sete do meu grupo, havia um grupo grande de pedreiros de uma das mega-construções da Unifor – então eles não estavam certos de como se comportar e de como recuperar o bebê.

Me levantei da mesa num pulo assim que o vi no chão.
Segurei-o com cuidado em minha mão e levei-o rápido para o caule da árvore – não queria que meu cheiro ficasse no bebê. Sua mãe o esperava lá.

Ele ainda era muito novinho para se segurar, mas coloquei-o de uma forma em que o seu peso o mantivesse junto à árvore e continuei por perto com as mãos no ar em forma de concha para o caso de ele não conseguir se segurar por muito tempo.

Isso tudo se passou em segundos.

E a mãe dele me olhava atentamente para defendê-lo ante o primeiro sinal de perigo da vida do seu pequeno.

Mas não foi preciso esperar muito, assim que o coloquei na árvore, e tirei a mão de cima dele, ela, me olhando nos olhos, andou em direção ao macaquinho e o agarrou em um abraço apertado.

Com ele grudado em seu corpo, saiu. Mas não sem antes olhar de novo para mim.

O grupo de quinze macacos observou tudo, e à medida que a cena se passava, eles iam diminuindo seus gritos.

E foram-se embora, os quinze com a mãe e seu bebê.

E eu fiquei junto à árvore ainda alguns segundos, embevecida com tamanha cumplicidade e união.

Acho que não há forma melhor de testemunhar amor, do que aqueles que lutam por você quando você não pode lutar por si.

6 comments:

Jana said...

Estou com inveja! Foi lindo!!! :)

Jana said...

Ainda estou besta com a Pitanga...

Jana said...

Pitanga estva sendo uma cachorrona.

N�o queria ir hj tb, mas estava pensando nos outros... prefeira comer pastel, mesmo contigo de cara-feia :)

Anonymous said...

eu tb quero segurar um bebê soim
JB

Anonymous said...

eu tb quero segurar um bebê soim
JB

Anonymous said...

eu tb quero segurar um bebê soim
JB