Eu havia escrito e postado um texto enorme aqui no meu blog. O texto falava e falava sobre palavras e verbos e como era incrível que nós fôssemos capazes de nomear nossas ações, mas que mais importante que nomeá-las, era realmente agir: colocar os verbos em ação: fazê-los atos concretos.
O que também é verdade, claro.
Eu até havia citado Molière, que diz que somos responsáveis não apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer.
E tudo isso é sim absolutamente verdadeiro.
No entanto, eu gosto de acreditar que a cada manhã nós somos um pouquinho mais inteligentes do que o que éramos quando fomos dormir: então, nesta manhã eu decidi apagar o texto que eu havia postado.
Nada há de muito dramático nisso: além das três pessoas [thank you guys] que lêem este blog por amizade a mim, e um ou outro cibernético que veio parar aqui depois de, coitado, ter procurado - pelo visto sem sucesso - algo sobre varandas para redes no Google, não mudo a vida de ninguém ao repensar sobre algo postado.
Para não muito variar trata-se apenas de um incômodo gerado em mim.
Então, como esta é sim minha sala terapêutica, onde após apertar o enigmático botão publicar jogo minhas palavras para um cosmo que não seja mais só meu, vim aqui reformular meus pensamentos e mastigar um pouco mais na matéria que me embala.
Vê, durante alguns bons anos de minha vida eu achei que tinha importância o que, ou quem, ou como... achei que seria válido se tudo fosse exatamente como era para ser. Se cada um de nós achasse fórmulas para ações que nos fizessem a cada dia pessoas que cresciam, pessoas que sabiam o que faziam, e mais que isso, que acreditavam no que faziam.
Para mim, uma ação tem que estar unida a uma convicção.
E talvez seja isso, talvez seja essa a razão de eu levar tudo tão a sério.
Mas ao contrário do que meu outro texto talvez deixasse supor, as ações não devem sempre ser vazias de palavras.
Não, não.
Eu já ouvi as palavras.
Elas são lindas.
Elas encantam.
Elas te fazem enxergar um colorido que você só é capaz de ver quando as escuta.
E não importa o destino que tantas histórias de amor e amizade tenham tomado, a verdade é que essas palavras então ditas sempre me enfeitarão. Sempre serão minhas porque a mim foram dadas.
Mas ao passar boa parte da manhã na cozinha fazendo o almoço de domingo exatamente como eu havia desejado ao acordar, eu percebi como viver é na realidade criar uma receita.
A cada um de nós são dados ingredientes e esses são misturados, separados, adicionados, marinados, assados, cozidos... a nosso bel fazer.
Somos todos cozinheiros.
[E escrever é usar as palavras como ingredientes e sair juntando cada uma como melhor lhe parecer para no fim ter o texto criado como prato final].
O fato é que eu não acredito em ações vazias de palavras – leia-se convicção. E não acredito em palavras vazias de ações. E por isso eu vim aqui colocar um texto no lugar do que eu tinha escrito: porque na verdade todos nós sabemos a receita ideal: todos nós sabemos como é bom escutar o “eu te amo”, assim como nós sabemos o quanto é incrível quando alguém ‘diz’ isso ao fazer algo que para nós é extraordinário.
O fato é que como eu digo teimosamente enchendo o saco do meu amigo Bal, a vida está aí para que acreditemos na sua enorme capacidade de fazer o próximo minuto melhor do que o minuto passado.
Acho que é essa a receita que todo domingo deve trazer.
Sunday, July 15, 2007
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2 comments:
Você tá muito enganada se acha que leio o blog por amizade,isso é uma terapia pra mim também,se preferir
pra nós.E sempre encontro o que quero,é impressionante.Tu me abastece e talvez isso seja até um pouco egoísta da minha parte "Just Jack",mas fazer o quê?Foi tu que me prometeu a Poliana e ela ainda não apareceu então vou atrás dela em ti.
EI!!!
Não leio por amizade, e fico grata e vc escreva e eu acho SIM, que palavras são ações, escrever mais ainda. E vc sabe que sou estudada no assunto.
Nunca se esqueça, Lana, que no principio lá comecinho era o Verbo, e o Verbo disse "faça-se a luz" e a luz foi feita. E só depois da Luz feita foi que deus viu que a luz era boa.
Antes do "Verbo" dizer, Lana, ele não tinha nem nome. E o verbo disse, e virou ação e ele viu que foi bom, e ganhou um nome.
Sou uma carpideira Cor-de-rosa que pranta a morte-em-vida.
Cheiro grande!
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