Tuesday, September 19, 2006


[a necessidade de expressar]

É que sofro desse mal. Devo dizer o que sinto. Devo falar como apreendo. Devo me comunicar. Tudo seria melhor, imagino, sem os 'yata, yata', sem os subtendidos, sem os ruídos do não-dito; mas com as narrativas do que nos passa no peito assim, jorradas, cantadas, talvez até cuspidas [em um desdém que ainda - culpa minha - não consegui conquistar].

Talvez por isso eu ame tanto musicais.

Me encanta a idéia de sentir algo e abrir o vozeirão no meio da rua, com tudo o que me dói ou ri por dentro.

Não existiria mais 'dentro', pois seríamos um só.

Numa magnicência musical.

Numa melodia de notas boas e ruins, de bom e mau gosto, de tranquilidade e de barulho.

Mas ninguém seria analfabeto na música.

E todos sairiam por aí cantarolando músicas de mocinhos e de vilões.

E o elenco seria o certo.
Porque cada um saberia melhor o papel que lhe cabe.
E as falas que lhe são permitidas.

Roteiros devem existir.
Maria não pode ser Victoria.
Forest Gump não poderia jamais estar na pele do Náufrago.
É simples assim.

E acabo ainda por achar meu canto. Minha fala. Meu roteiro.
Sou diretora de mim. E meu filme não precisa ser apreciado por muitos.
Apenas pelos que compram o dvd e o assistem de novo e de novo com um carinho genuíno e honesto.
A esses, minha obra inteira. Pois são a razão do filme.

Tempo de reflexões. E, assumo, de solidão.

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