Thursday, November 30, 2006


[e então é época de simone]

Último dia do penúltimo mês. As aulas estão em seus finalmentes [duas semanas mais de labuta], o interno de todos os ambientes da cidade estão enfeitados de vermelho e dourado, as noites já estão cheias de luzes, as casas já começam a colocar os planos nas mesas: vamos fazer isso, vamos para tal canto, depois para tal, fulaninho vai levar isso, nós vamos levar aquilo.... e um súbito espírito de humanidade paira no ar.

Amo essa época do ano.

Amo a reunião das famílias.

Amo ver as crianças abrindo seus presentes pipocando de animação.

Esta noite eu sonhei que tinha um filho. Coisa rara. Explico: é que sempre em 'sonhos de ser mãe' [que acontecem vez uma ou duas vezes por ano] a cria é uma menina. Desta vez não. Pela primeira vez foi um menino. Um menino lindo e levado. E nós dois brincávamos de corre corre, de cavalinho... E depois, banhadinho e de pijama, ele dormia ao som das minhas histórias - que eu ia criando à medida que lhe contava.

E, como fim de ano é época de balanço mesmo, devo dizer que o filho do sonho talvez anuncie essa nova Lana que 2006 trouxe. Termino este ano extremamente longo - onde parece que vivi mil vidas - absolutamente diferente de quando o comecei.

Lembro-me que na virada do ano passado, a única coisa que eu tinha a dizer a respeito do 2006 que se iniciava era que tudo nele era um ponto de interrogação. Mal sabia eu os caminhos que ele me traria. Foi um ano complexo, este. Mas, ainda assim, um ano que representa um marco muito forte em minha vida. De sonhos que se esvaíram, de sonhos que renasceram, de caminhos que me apareceram sem que eu lhes esperasse.

Sinto-me mais forte. Sonhadores às vezes precisam ser trazidos para a terra firme. E esse ano fez isso comigo. Não, não deixo de sonhar. De ser sonhadora. Graças, graças, essa é uma característica intrínseca à mim. Essa mulher misturada de menina que o espelho me mostra sempre.

E por mais que tenha dado na telha dos intelectuais esculhambar o incansável 'então é natal' de Simone, eu, que tenho mesmo a mania de ir na contramão, digo logo: eu gosto. Eu gosto de coisas que representam uma época. Eu gosto das bizarrices bregas e de gosto duvidável. De soltar uma gargalhada gostosa porque é 5.767.649 que escuto a música da simone no mesmo dia.

Eu gosto de saber que encontraremos no dia 24 todas a pessoas que durante o ano não vemos. Eu gosto que até as pessoas que não particularmente gostamos, encontram a sintonia que essa noite traz em si. Eu gosto de procissões e tradições. Dos sorrisos, das brincadeiras, das fotos, das comidas.

E nessa noite eu sempre rezo para aqueles que estão sozinhos. Ninguém deveria estar sozinho na noite de Natal. Devia ser proibido. Deveria ter uma campanha internacional para que se acolhesse em cada família alguém que estivesse sozinho.

O fato é que 2006 está acabando - e já era hora disso mesmo. Acho que ele já me deu o que tinha de dar: já me mostrou os sorrisos e lágrimas que tinha para mim e já também mostrou o que valorizava ou não.

Eu termino este ano com o pulmão cheio. Com algumas palavras guardadas, é verdade. Mas subitamente tomada de uma energia e orgulho também.

E quando eu cruzar a linha de largada de 2007, eu a cruzarei com as pernas mais fortes, mais preparada para os novos pontos de interrogação que virão dentro dele.

e para descontrair...

porque eu estou cada vez mais tentando virar uma sambista seguidora fiel do ser 'blasê', vai um desenho de quem não sabe desenhar: porque esta manhã eu pude ir para a aula e a rinite alérgica, a virose e o dedo do mouse estão a mil também sambando comigo.





1 comment:

Luiza Holanda said...

como você consegue?