Sunday, July 30, 2006



[expectativas]

Existem duas comunidades no orkut que, por mais que vez por outra me tentem, eu sempre percebo que não caibo nelas: odeio politicamente corretos e odeio pseudo intelectuais.

E as razões são até bem simples: 1. uma vez que sei tão superficialmente sobre a maioria dos autores que cito, me qualifico instantaneamente como uma pseudo-intelectual [embora saiba a linha que me separa dos sem-noção] e 2. sou politicamente correta [e isso sou praticamente cem por cento].

Por que resolvi começar assim um post que fala sobre expectativas? Hummm.. Give me a minute... Ah, porque uma fina linha separa isso tudo...

Na minha opinião, todos nós temos nossos momentos de pseudo-intelectuais, de politicamente corretos, de caretas, de equilibrados, de mentalmente debilitados...

Todos nós vivemos papéis de mocinhos e de vilões ao longo de nossas vidas.

E as expectativas, bem, já me disseram que o melhor é não criá-las, que elas só atrapalham, que só servem para que inevitavelmente se transformem em decepção.

Já tentaram me passar a filosofia do não espere nada de ninguém.

Já até me disseram que a culpa é de quem cria as expectativas, e não de quem não consegue atingi-las.

Como boa mulher politicamente correta digo: não acho que haja culpados.

Acho que o que existe são visões diferentes. Desejos diferentes. Olhares diferentes sobre o momento e a situação vivida.

Mas acredito sim nas expectativas.

Aliás, as tomo quase como uma filosofia.

Sim.

Amo esperar o melhor das pessoas que amo. Adoro ser surpreendida por elas. Amo vê-las crescerem diante dos meus olhos. Se transformarem em borboletas que voam cada vez mais alto.

Não esperar nada de ninguém? Hã? Não, não eu. Sinto muito, mas não eu. Eu espero sim. Espero por simplesmente conhecer as pessoas de quem espero. Simplesmente por saber ver sua beleza, sua imensidão, sua grande capacidade de ser incrível.

Se já sofri por isso? Claro! Se já me decepcionei? Sim.

Ainda assim, vejo as expectativas como combustível de sonhos.

E crio expectativas em torno de mim mesma até: me dando prazos específicos para atingir tal meta, imaginando o que quero para mim, para minha vida.

Se vou frustrar essas expectativas? Algumas sim. Outras não.

Mas como elas sequer poderiam ser consideradas possíveis de serem realidade um dia, se não as criasse?

Não criar expectativas? Por favor!

Se há alguém que devesse gritar isso, seria a vida. Não as pessoas. Não as pessoas.

Somos criadores de expectativas naturais.

Do que queremos do nosso amor, dos nossos amigos, do nosso trabalho, dos nossos planos, dos nossos filhos, dos nossos irmãos, dos nossos pais, do nosso dia, até.

Óbvio que vivemos em um mundo aonde a desconstrução é bem mais comum e acessível que a construção.

E expectativas não atingidas às vezes nos levam a um caminho de desconstrução que, quando levado a extremos, é muitas vezes sem volta.
E há que se ter cuidado com isso.

Momentos devem ser respeitados. Essências devem ser reconhecidas. Deve-se saber o que se quer e, uma vez certos disso, segurar firmemente.

Mas é bom saber que as expectativas são sim como uma bandeira de reconhecimento.
Expectativas nunca atingidas não são um bom sinal.

Porque a verdade é, receio, que expectativas são muitas vezes um indicativo não apenas do que se espera, mas do que se quer.

E não falo apenas emocionalmente, mas racionalmente: são um sinal do equilíbrio entre o que se dá e o que se recebe.
Do que é e do que poderia ser.

E nós todos temos os mesmos medos: de não conseguirmos ser felizes, de acabarmos sozinhos, do nosso amor nos deixar, dos nossos filhos se tornarem pessoas tristes, de nos tornarmos amargos, de não sermos bem-sucedidos, de não termos o dinheiro necessário no fim do mês, da morte, de adoecer, de envelhecer sozinhos, de engordar demais, de não conseguir realizar nenhum de nossos sonhos ou planos, de se machucar, de perder o que achamos importante...

Não criar expectativas? Isso não me parece sequer lógico.

No entanto também não parece nada simples, não é?
Mas, em se tratando de humanos, o que é?

Só sei que continuarei criando expectativas.

Até porque, quando acordo de manhã, eu quero ter um bom dia.




Friday, July 28, 2006


[vale a pena relembrar]

São posts passados. Palavras já publicadas. Sentimos cíclicos.
Ollhando o ontem pela casa mãe, resolvi re-postar coisas antigas.

Tão bom lembrar que algumas coisas não são mais importantes e que outras sempre serão! :]

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[Vê]

Chuta o balde
Que te enche a mente
Canta a música
Que te faz crente
Dá adeus
Aos apertos de mãos
Às caras fechadas
Às expressões amarradas
Em si
Sua teu suor
Válido
Emite o som
Que conta [e canta] [e encanta]
Ama as glórias e as perdas
Chora as lágrimas e os sorrisos
E produz teu sal
É essa tua única certeza
É esse teu sonho
Teu dinheiro
Teu bem
Clama à tua vontade suprimida
À teu sentimento escondido
À teu engatinhar
E então,
Lava tuas mãos
E arruma teus cabelos
E coloca um pé em frente ao outro
Um pé em frente ao outro
Um pé em frente ao outro...

19 de Maio de 2004
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[Pálpebras Fechadas]

Carinhos
Doces palavras que abraçam
Que sussuram no ouvido
Um som azul.
Fechar os olhos
É comprar bilhete
E viajar.

30 de Agosto de 2004
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[Para nós que vivemos de um lado para o outro]

Calma. É uma palavra mágica e é o que se precisa no mundo. Falo também por mim. Falo também tentando convencer e conscientizar a mim. Calma! Vamos com calma! Tenhamos calma com a vida, com os problemas, com os desafios, com as derrotas, com as vitórias, com as pessoas... Acima de tudo, com as pessoas... Essas pessoas burras, insensíveis, hipócritas, falhas, como todos nós somos... Calma... Porque a vida é a junção de minutos, de momentos... nada mais... Calma, porque não sabemos sobre o hoje ou o amanhã e porque até o passado não entendemos... Calma por sermos tão finitos, tão rasos, tão cheios de falta de percepção. Calma, com a própria calma: equilíbrio. Calma com o mundo, calma com as guerras, calma com o dinheiro, com a glória, com a miséria, com o sim, com o não... Calma por sermos sozinhos em nós...Por esperarmos tanto: tão mais que o que podem nos dar... Calma por sermos tão bobos, tão lindos, tão loucos... Calma por acreditarmos ou por deixarmos de acreditar... Calma por sermos bons e maus em nossa essência... Calma por sermos humanos... Apenas, calma. É disso que precisamos.

13 de Junho de 2004



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perfeito: meu pai abrindo a porta do meu quarto e dizendo com um sorriso absolutamente lindo "diz aí, mestra!"

meu garoto, meu garoto! Como te amo! Como te amo! :]

Sunday, July 23, 2006


[obrigada]

Na vida temos alguns desses preciosos momentos: de pessoas queridas que nos dão exatamente o que estávamos precisando; que falam as palavras que o cérebro ecoou mil vezes, mas que precisava ouvir da voz de outra pessoa para se assegurar de sua veracidade.

Em momentos de incerteza, que tanto pesam e em que tantos caminhos parecem ser o certo, é às vezes uma voz dessa que lhe faz perceber um elemento antes não visto com tal relevância. E é preciso que seja uma voz amiga a lhe jogar na cara uma verdade encoberta para sua própria defesa.

Hoje passei o dia escondida do mundo. Causei estranheza a todos os que tentaram se comunicar comigo durante o dia. Meu quarto, meu templo. Meu cérebro, meu algoz.

À noite, um telefonema querido me soou como um abraço. "Vamos?" "Vamos". E fui.

E derramei o balde inteiro dos pensamentos diurnos. E chorei e me deixei ser insegura, e me deixei ser caos.

E fui carregada no colo. Que delícia. Fui carregada no colo.

Não com uma passada de mão na cabeça [que, confesso, me faz arredia], mas com verdades ditas a mim com a franqueza de quem me conhece, de quem sabe de mim, de meus defeitos, de minhas ações, de meus por quês.

E ela me abençoou com a verdade e me mostrou com clareza que meus pensamentos tinham razão de ser.

E eu que saí de casa tão pesada, tão calada, tão incerta, voltei, pela primeira vez em tanto tempo, renovada, recarregada, com pé fincado ao chão e peito cheio de ar.

Ela me faz crescer.
E eu a amo.





[o ponto]

um pequeno pontinho
assim, mesmo pequenininho
traz juntinho consigo
todo um grande final

.

um pequeno pontinho
grita no fim da palavra
fecha a boca que fala
e mostra que é um sinal

.

um pequeno pontinho
mesmo todo redondinho
chega forte e paralisa
o diálogo mais normal

.

um pequeno pontinho
é assim necessário
para um novo Começo
para que haja um final.




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Porque só podemos entrar em um novo caminho, quando saímos do antigo.
E essa é a decisão que tomei.

Friday, July 21, 2006



[the things I do still believe - for sure]

Like I always say: I believe in tomorrows. Not just the actual time, but the concept in itself. I believe in life. The things that happen all around us. I believe in fragments, but I also believe in wholesome. I believe we all have little pieces of ourselves scattered around us. And that some of those pieces we will get back one day, and some we won't.

And I'm not talking just about men in women's lives and women in man's lives. It's much deeper than that obvious layer. To my greater satisfaction: to me and to the few friends life brought me, that is not the most important thing in our existence. I've always felt that there are many smiles I want before that smile is given me. And perhaps that's why some men do find me intimidating [oh, man, how I wanted to be intimidated myself for a change].

I believe in love. And - a bit chocking, I might add - I think I always will. No matter how many times my stubbornness says I don't. I do. Maybe, maybe, not in my life exactly [mainly because I won't let it, or because my Martian guy hasn't decided to land on Earth yet and tell me firmly the things I need to be told], but, come on, love is happening all around us. And it is a beautiful thing. In fact, it is why we take crappy jobs, and why we manage to have so many bad days, and because no matter how short we are on cash, that smile from that dear person always brings our own smile.

And that's precisely why I believe in friendship. Because it has to be from pure love.

Only a real friendship survives time and the misunderstandings life always brings along with itself.

Only bad moments will let you know of true relationships.

Because anyone and anything can get through good times.

It's as simple as that, I'm afraid.

And I do love the simple things. I love to watch construction workers at lunchtime [eating that big pile of food with an also big spoon and with such a great satisfaction that it nearly seems as a kings meal], and I love to watch new lovers [when everything is so fresh and exciting, and every little detail counts], and I love when a child plays by him/herself [has anyone seen it? Its nearly a perfect moment: when a pure reason meets an also pure emotion]. I love so many things. To my wonder and a yet not understood reason, I am good at seeing life. I sometimes can sense things that I know the people around me can't. That sometimes scares me. Can I call it a gift or just a really tacky way of being a drama queen?

Well, I guess I still have some years of life to figure that out.

While paths are created again and again everyday, and ends annunciate new beginnings, I realize that - for now, at least - I'm better as a people watcher. May the world [or the little bit of the world I can afford] be my window. I'll leave the shopping for later on.

And I'm ok with that.

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ps: certo. eu assumo a porcentagem de Charlotte que há em mim. tava mais do que na hora, né?

Wednesday, July 19, 2006


[Postar & Publicar]

É que a vida de estranhos anda me emocionando, e isso não é lá tão divertido.

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Agora fazendo pequenas idealizações acerca dos anos que a gente vai acumulando [e tento aqui deixar de lado meu complexo de velha], pergunto-me sobre a música.

Sim, a música: a complexidade de todos os mitos, o universo do sentir, a poesia [que é a única capaz de conter todos os elementos que compõem a vida].

[Será a poesia Deus?]

Campbell dizia que quem pode escutar a música, guarda nessa capacidade a própria essência da felicidade, do universo oceânico do acreditar.

Soa tudo um tanto ideológico? Fantástico demais? Viagem pura?

Nem tanto...

Eu não deixo de acreditar nisso tudo. Não deixo!

[assim, com ponto de exclamação]

E embora tenha conseguido entrar sabe lá como num cantinho não muito agradável, e estar ainda lutando para tentar sair dele, as inconstâncias servem para que nós saibamos o que há de constante.

Isso mesmo.

É que ando percebendo que os clichês têm razão de ser.

Outro dia passeando por aí me deparei com uma frase que dizia que o céu é um espelho. E por isso é azul como o mar.

Pois olhe só. E eu vivi esse tempo todo sem me tocar disso! Que coisa mais perfeitinha!

É claro!

No entanto, penso agora, o céu não devia ser espelho.
Espelhos só mostram opostos.

O céu devia ser um abraço.
Pronto. É isso o que o céu é para mim.

[porque cabe a cada um de nós buscar seus próprios significados]

Monday, July 17, 2006



[sigh]

...porque a vida parece tão simples nas músicas de marisa...

[novo cd universo ao meu redor]

Saturday, July 15, 2006



[sabe-se]

É que eu acho simplesmente brilhante quando nós mulheres nos entendemos. Sim, porque não é sempre e, convenhamos, somos muitas vezes nós mesmas que dificultamos a vida umas das outras [até porque nenhum instrumento é tão hábil na hora de achar uma mulher sem noção como outra mulher - daí, já que tudo é relativo, perceba que o ciclo é infinito], mas, enfim, como eu ia dizendo, frases como as ditas ao se posar para uma foto: "da cintura para cima, hein, olha lá", ou olhares que valem por mil diálogos [que, óbvio, não deixarão de ser travados depois], ou simplesmente o fato de dizer "meu salto está me matando" e saber que a que ouviu a estará entendendo perfeitamente.

Seinfeld [meu querido gênio] diria que essas são as maravilhas de se pertencer a uma coligação.

Nós, elucidadoras de todos os segredos impenetráveis ao universo masculino [sim, verdade, nós todas sabemos], quando nos entendemos, somos, bem dizer, imbatíveis.

[frase boa de se dizer assim, cheia de vírgulas e pausas, que é para se curtir a delícia de falá-la]

Poderão eles realmente algum dia nos entenderem?

Saberão eles identificarem um olhar? Uma expressão? Uma frase dita de canto de boca, um pensamento destoante da frase que sai junto com as palavras?

Serão sempre necessárias instruções [nossa, que palavra horrível] angustiantes, frases repetidas com a constância da frustração, sim's que querem dizer não, não's que querem dizer sim?

São perguntas constantemente feitas por nossa coligação. Acho, na verdade, que as respostas a elas, eles sequer podem nos dar. Tão grande é o abismo que nos separa.

Uma colega recentemente me falou a seguinte frase ao conversarmos [sabe-se lá por quê, me pergunto agora] sobre relacionamentos: "Não tenho o que reclamar do meu homem. Ele é ótimo. Agora, assim, é homem, né? Eles nunca sabem o que a gente queria que eles soubessem".

Hummm...


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[largo assim, sem fim, esta história. até porque as músicas de nelson gonçalves ainda me embalam. e, teimosa, ainda quero ser entendida]
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ps1: porque amei esta perfeita e literal descrição: "a gente nem precisa estar no meio da festa. a gente faz festa sozinha"

ps2: não é que o vermelho tem me parecido uma boa idéia?
[é que às vezes basta que eu saiba]



Thursday, July 13, 2006



[des-acessorada]

É que eu ando por aí e vejo as meninas e mulheres de colares no pescoço e roupinhas bem-transadas e pulseiras e madeixas, e cílios e batom, e bolsas e sandálias, e saias e fivelas...

E me pergunto aonde foi que eu enfiei minha vaidade... Minha teoria mais estável é que eu a esqueci [pra variar] no útero de D. Socorro, e ela - a vaidade - acabou vindo com o último ocupante: meu irmão caçula. Que é um homem pintoso e cheio de estilo.

Eu, cá, se coloco um colarzinho pequetitinho no pescoço, já me parece uma melancia pendurada. E fico com a impressão que está todo mundo, aonde quer que eu vá, olhando para mim.

Então, pode-se dizer, que o mercado de bijuterias [e moda em geral] não sobrevive lá por minha causa...

Tuesday, July 11, 2006



[pronto, terminei]

Agora já posso voltar


.

Sunday, July 09, 2006



[desorganizada]

Não é algo de hoje. O berço já tinha brinquedos de todas as cores e tamanhos por baixo de mamadeira e cobertor, tenho certeza. Uma vez li uma matéria em algum canto [em algum tempo, que alguém escreveu - memória patológica, como muitos já sabem] que falava que certas características de uma pessoa indicam não simplesmente sua forma de ser, mas sua maneira de encarar a vida.

É bem verdade que tenho tentado melhorar. Tudo deixa de ser tragicômico quando você não apenas não lembra aonde guardou o arquivo, mas também o nome que o deu. Tsc tsc tsc. É trágico apenas.

Mas nem tanto. Dramática sempre, não tem jeito.

O que mais amo em ser desorganizada: me redescobrir sempre. São textos e poemas que não lembrava que havia feito e que, quando descubro por acaso em alguma página de caderno esquecida, ou em algum arquivo de nome para lá de temporário, sorrio feliz por me reconhecer nele. Ou reconhecer o que senti quando escrevi ou que senti depois de escrever.

[porque escrever é, para mim, mandar o ruim embora e tatuar o bom em mim]

Ou até mesmo alguma coisinha, algum cartão recebido há tanto tempo, alguma lembrança que me surge assim, de repente, como que da primeira vez. Memórias long gone que me revisitam.

Me sinto* uma velhinha caduca: sempre descobrindo coisas antigas, constantemente. E isso amo. Com certeza.
Me tira uma grande fatia entediante: tudo é sempre novo um dia.

O ruim em ser desorganizada: primeiro, é extremamente desconcertante. Acho que todos já descobriram que o ser humano precisa sempre dizer que venceu o caos, que conseguiu ordenar o mundo a sua volta, conquistá-lo, domá-lo. Segundo, é um bicho solto dentro de mim. Mesmo quando eu decido organizar tudo, pôr tudo em seu devido local e ordem, se eu não estiver sempre me regulando, me vigiando, me relembrando, não dá outra... tudo volta a reinar em seus indevidos lugares.

É como toda luta: às vezes se vence, às vezes não. Óbvio que para o bem-estar daqueles que adentram meu quarto, tento manter certa disciplina. Mas, chegando sem aviso, digo logo, uma ou outra roupa estará no armador do quarto e a outra metade da minha cama gigante estará com os livros que folheei na noite anterior. A sandália de todo dia estará debaixo da escrivaninha e as pilhas recarregáveis [que nunca lembro que estão descarregadas até que precise delas] estarão no guarda-papel em cima do som. É fato.

É bem verdade que já levo tanta coisa tão a sério que acho bom que certas ordens não sejam para mim a coisa mais importante do mundo. E quem disse que o tempo não conta? Conta, sim. Começa no zero e não pára mais de contar. Daí o bom disso é ir se descobrindo vivente, aprendiz, ir saboreando o que vai surgindo... novas pessoas, velhos sonhos, pequenos detalhes, delicadezas inesperadas.

Eu, Lana Nóbrega, sou aprendiz. O resto é desculpável.
Então, já que o altar não tem me chamado, uso este divã gratuito para gritar:

Que toda a culpa de todos os lados sejam neste minuto esquecidas.
Somos todos tão falhos. Tão bobos. Tão fracos.
E, ao momento, tudo cabe. Ao contexto, tudo se explica.
Seria bom que isso fosse sempre percebido.

Sentir justifica toda ação?
Óbvio que não.
Há que existir um filtro. Algo que permeie o lógico. O sensível.
Ainda assim acho essencial que as pessoas aprendam a ler nas entrelinhas.

Nem tudo deve ser dito sempre.
Isso cansa.
Conhecer alguém, ou se sentir conhecido, requer percepção.
Bem-querer, cuidar, dar colo: requer percepção.
Reconhecimento de um momento, de um contexto.

E, por incrível que pareça, ainda falo de organização.

E, mais uma vez, louvo aos céus minha memória inválida.
Porque esquecer às vezes é essencial.

Agora dou um beijo em quem quer que esteja lendo isto agora, mas com uma condição:
que assim que me vejam, me devolvam o beijo! ;]


* Assumo o português por mim seguido: meus pronomes vêm antes. Se precisar de uma desculpa, diz aí que é licença poética que isso parece funcionar sempre.

PS: obrigada, meus cinco dedos, por serem raposas para mim.

Saturday, July 08, 2006


[folha]

Cresce.
Surge pequena e cresce.
São muitas, eu sei
Mas cresce assim mesmo
A coragem não é surgir entre poucos
Mas surgir entre muitos.

Vem, cresce.


***

[significado]

Continuidade
Do verbo continuar
Ação de repetir constantemente
Algo já previamente feito
Ou, quem sabe,
De retomar algo
Depois de um intervalo de tempo
E, também,
Seguir em frente.
Assim,
Colocando um pé na frente do outro mesmo.


***

[cochicho]

Tudo o que eu sei
É que quem sabia, já não sabe mais
E que quem não sabia
Não saberá jamais.


__________________________
porque decidi deixar ela voltar

[minha poesia]


[profilaxia]

Agora os que têm plano de saúde pela geap [minha mãe é funcionária pública aposentada] têm um trunfo a mais neste irretócavel serviço de atendimento saudável: a profilaxia. Aparentemente, antes de tratar uma cárie que esteja causando dor extrema a cada ingestão de temperatura mais elevada, ou antes de tratar um canal que esteja misericordiamente gritando do fundo da boca, ou até antes de deixar-se mergulhar no mundo mágico do clareamente dentário, uma nova burocrac... err.. digo, um novo método organizacional foi criado: há de se ir antes a um dentista registrado na pequena bíblia do plano não saudável para fazer uma mágica limpeza nos dentes para que esse veja se o sintoma reclamado não é, perdoem-me o vocabulário, frescura da boca do associado. Então se marca a tal da profilaxia e, depois, com a benção nas mãos, segue-se para o dito especialista.

Daí comecei a refletir cá um bocado... não seria interessante se essa filosofia profilaxional :] pudesse ser extendida para tudo mais?

Digamos: lá vem o moço, bonito, pintoso, daqueles de ser olhar logo com o canto do olho. De se olhar para cima, de se olhar no olho. Daí, antes dele chegar na sua pessoa e se mostrar, digamos, um tanto menos nobre do que pareceu à primeira vista, você o encaminha naturalmente para o setor de profilaxia.

Lá ele seria avaliado, checado, limpo, selecionado, e, mais importante, detectado.

Uma vez conhecida sua real personalidade, ele seria então encaminhado a você.
Com fichinha na mão e tudo.

Aí você decidiria o que fazer com o tal moço.

Óbvio que seria um serviço duplo, claro.
Eles também são vítimas do nosso gênero muitas vezes.

O fato é que o chefe, o moço, a moça, a empregada, a vizinha, o funcionário, o cachorro... todos passariam pela profilaxia organizacional, para que, digamos, tudo ficasse um tanto mais óbvio, mais claro, coisa de uma camada só mesmo.

Mas a beleza da profilaxia só existe para retardar o tratamento dos meus dentes, né? Agora ao invés de arranjar tempo para ir para 1 antendimento, eu tenho que ir para 2.
Um para que o dentista me diga realmente que eu preciso ir para um dentista, e outro para começar a longa maratona de resolver realmente o problema dentário [não tenho lá muita sorte com dentistas].

Eu? Bom...
Eu próxima semana, estou quase certa, de dedos cruzados e terço na mão, que minha profilaxia indicará que posso seguir adiante.


Thursday, July 06, 2006


[olha ali, mais pro lado, tá?]

Fiz um compromisso inafiançável comigo mesma: ser feliz.

No entanto, que boba, o espelho me diz logo: boba, boba, boba...

Onde é que já se viu, eu, canceriana [aprendi recentemente sobre essas coisas e ainda sou estagiária nelas], melosa, materna, super-protetora de dar raiva e nó nas paciências alheias, que manda o deus do sono passear, que pensa na morte da bezerra, que fica feliz com o sorriso do povo, onde já se viu, onde já se viu fazer um compromisso desses??

Pois é, nega, pois é.
Da próxima vez, vê se faz um compromisso mais fácil, tá?
De preferência um que dependa de você.

+++++
quero meu sangue bem, quero meu sangue bem, quero meu sangue bem.
[que isso seja uma oração]

Amém.

Wednesday, July 05, 2006


[versão dois ponto sete]

Eu sempre volto. As palavras me chamam... é um caso de amor sem fim, graças a Deus.

É tanto que eu nunca apago estes cantinhos... deixo eles ali... me esperando para quando eu resolver voltar... eu gosto de voltar. Adoro ir embora, muitas vezes até preciso ir embora, mas também adoro voltar... às vezes não pelos motivos mais nobres, é verdade, mas ainda assim...

Brasil não será hexa. Pelo menos não desta vez [notícia velha já]. Me pergunto se esses moços não deveriam fazer um estágio na Brasil antes de viajar [ênfase nesta palavra] para a copa. Quem sabe assim se lembrariam de onde vêm, para que vão, o que representam, qual é verdadeiramente sua luta; já que independente do resultado, ganham suas fortunas e fazem suas festas regadas a mansão e caviar. Já Felipão não levou seu merecido título. Mas ao menos a Itália provou que enquanto há tempo, há chances. Ou melhor, enquanto se quer realmente fazer algo acontecer, sem tem garra até o último minuto para fazê-lo.

Realmente não sei nada de futebol. Nadica de nada. E, para falar a verdade, mesmo admirando encantada as amigas que entendem, não é lá um aprendizado que me interessa não.

Rá. Mas por que misturar tudo assim? Esse horror de assuntos, tudo liquidificado?

1. Porque faz tempo. Faz muito tempo que não me permito muita coisa. Então há muito o que ser trazido 'up to date'. O que traz sim essa vontade de falar tudo de uma vez, engolindo as palavras e economizando vírgulas.

e

2. Porque me sinto assim: misturada. [não, isso não é lá tão bom]

> É fato que o futuro às vezes me assusta, mas acredito piamente na inteligência da vida.

A auto-censura ainda vem me visitar. Há coisas que ainda não podem ser ditas. Mas chegará seu tempo. Chega o tempo para tudo.

O que aprendi desta nova versão recentemente lançada no mercado? Nossa. Tanta coisa.

A mais importante? a versão 2.6 me foi essencial.
Ela viveu dilemas e problemas nunca antes vividos. Entrou em tempestade desprotegida. Se viu perdida, triste, só, confusa... e ainda assim achou sonhos em meio a confusão. Achou luz aonde só parecia haver caos. E o mais importante de tudo: achou-se.

A versão 2.6 saiu de linha, é verdade.
Com certeza não é mais a mesma. E isso precisa ser dito.

Mas o novo modelo 2.7 está aí. Renovado, cheio de garra, soltando sementes pela vida afora...
E doida que o vento leve uma dessas sementes para longe...

Mas isso já é outra história.
Raízes foram criadas. E nem todas elas devem ser podadas.
O passado é algo lindo.
Realmente é.
E é justo que continue sendo.

O que mais quero de mim agora?
Mais força.
Mais garra.
Para fazer acontecer o que me embala o travesseiro...

Já falei que tenho um metro e setenta e três?
Pois é. Nem sou tão grande quanto pensam que sou.
E estava na hora disso ser falado.

O fato é que quero o que sou.
Quero igualdade.
Quero a virtude, que está no meio, em todas as extremidades.

Eterna sonhadora?
Provavelmente.

Graças a Deus.

Não quero nunca me perder.