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Existir-se
lana nóbrega
Os passos
Que dão meus sapatos
Passados
No alho e no pão
Os passos
Que repassados
Ensinam a luz
Que cega a escuridão
Os passos
Que ainda não vieram
Que ainda não disseram
Seu sim e seu não
Os passos
Desses meus sapatos
Que andam em linha reta
Em curva e contramão
Os passos que passeiam à toa
Feito uma garoa
Seja ruim ou boa
A molhar o chão
Os passos
Que fazem o caminho
Desse desalinho
Que por fim costuram
Toda a imensidão.
30/11/2007
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Friday, November 30, 2007
Tuesday, November 20, 2007
[o clube dos conceituadores]
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[o coração]
lana nóbrega
Discutiam em conceituar as palavras. Em dizer o que era o que. Em explicar tim tim por tim tim todos os nomes que o homem tinha inventado.
Porque todos os nomes podem ser qualquer coisa.
A cadelinha da pequenina era Pipoca. O apelido da namorada era Bebê. O nome do bairro violento era Paraíso.
E, nas conversas, brincavam de dizer tudo o que podia ser cada palavra.
Porque o contexto explica tudo.
O contexto é sempre benevolente com seus fatos. E, nele, tudo cabe.
Foi então que chegaram ao coração.
Músculo involuntário que bate no peito! – gritou o mais tradicional.
Caixinha de guardar bem-querer! – falou a mais romântica.
Pulmão da alma! – disse o filósofo.
Tinta do livro da vida! – recitou o poeta.
Fonte de desilusões! – murmurou o rancoroso.
Inimigo da razão! – bradou o racional.
Um vazio! – disse o desiludido.
Baú de memórias! – concluiu o velho.
Receptáculo de amor! – versou o enamorado.
A criancinha, que olhava atenta para a brincadeira, disse toda resoluta:
Um sorriso!
Todos olharam para ela e acharam engraçado.
O filósofo, interessado em tal reflexão, perguntou por que.
A criança respondeu:
Porque sempre que a gente vê ou se lembra de alguém ou de alguma coisa que a gente carrega no coração, a gente sorri!
E foi nesse dia que o Clube dos Conceituadores achou o perfeito conceito para o coração.
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[o coração]
lana nóbrega
Discutiam em conceituar as palavras. Em dizer o que era o que. Em explicar tim tim por tim tim todos os nomes que o homem tinha inventado.
Porque todos os nomes podem ser qualquer coisa.
A cadelinha da pequenina era Pipoca. O apelido da namorada era Bebê. O nome do bairro violento era Paraíso.
E, nas conversas, brincavam de dizer tudo o que podia ser cada palavra.
Porque o contexto explica tudo.
O contexto é sempre benevolente com seus fatos. E, nele, tudo cabe.
Foi então que chegaram ao coração.
Músculo involuntário que bate no peito! – gritou o mais tradicional.
Caixinha de guardar bem-querer! – falou a mais romântica.
Pulmão da alma! – disse o filósofo.
Tinta do livro da vida! – recitou o poeta.
Fonte de desilusões! – murmurou o rancoroso.
Inimigo da razão! – bradou o racional.
Um vazio! – disse o desiludido.
Baú de memórias! – concluiu o velho.
Receptáculo de amor! – versou o enamorado.
A criancinha, que olhava atenta para a brincadeira, disse toda resoluta:
Um sorriso!
Todos olharam para ela e acharam engraçado.
O filósofo, interessado em tal reflexão, perguntou por que.
A criança respondeu:
Porque sempre que a gente vê ou se lembra de alguém ou de alguma coisa que a gente carrega no coração, a gente sorri!
E foi nesse dia que o Clube dos Conceituadores achou o perfeito conceito para o coração.
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Monday, November 19, 2007
[volta]
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que sempre é um sorriso quando conseguimos achar o caminho de volta
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[TODOS OS NOMES]
lana nóbrega
Todos os nomes
Balbuciam em nossos rostos
E sons não são necessários
Entre adeuses
E boas sortes
Entre lágrimas
E separações
Entre uma mão e outra
Está um corpo
Um corpo só
Que condensa em si
Todos os outros
Porque a existência
Perpassa a todos
Os que respiram
E se comunicar
É nascer
Por isso existimos aos pedaços
Fragmentos que moram em todos
Por isso somos todos quebra-cabeças
Divididos em nossas pecinhas
Por isso estamos sempre a buscar
Esses pedaços que ainda não achamos.
19/11/2007
[RODARÃO]
lana nóbrega
A roda é uma mentira.
Numa roda não há atrito
A vida só se transforma pelo atrito
A vida só existe do atrito
É essa condição que cabe ao tempo
O tempo é formador de atritos
Porque é o atrito que transforma
E a transformação é ação do tempo
Então a roda é uma mentira.
Invenção do homem.
Porque mesmo o quadrado,
Que, rodando, se transforma em roda
Quando vira roda já não tem mais graça.
O que esperar da roda?
Ela só roda.
A roda é uma mentira.
Invenção do homem.
A roda não existe.
19/11/2007
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nele há uma beleza que o tempo enfeita.
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