Thursday, July 12, 2007

[ca-que-como]

Na boa, pessoas como eu deveriam vir com um manual de instruções duplo – tanto para os que convivem comigo, como para mim que convivo com os outros.

Me reporto para a adorável sonhadora Holly Golightly de Breakfast at Tiffany’s: a phoney, but a real phoney. Ou seja, talvez eu seja essa imitação barata de um livro de auto ajuda que tenta ver tudo um tanto mais cor-de-rosa do que na verdade é. Talvez eu ainda acredite em amores que duram vidas inteiras, em filhos crescendo saudáveis e cheio de amor e proteção, em homens que saiam do ordinário lugar cômodo que a modernidade lhes criou e sejam verdadeiramente homens.

Quem sabe eu ainda acredite em um monte de coisas que terminam por só existirem em minhas crenças.

Mas eu, influenciavelmente crível, continuarei crendo em tudo isso.

E se no meio tempo sou uma trapalhona, que na maioria das vezes está no lugar errado na hora errada, que é terrível em dizer não, e que aos recém-completos 28 anos – quase uma balzaquiana – ainda ri de si mesma, então, relevem-me.

Eu na verdade venho aprendendo a dançar com toda a minha ridicularidade.
De fato, às vezes levamos tempo para entender coisas que tantos já entenderam.

Eu rio com a Mônica e o Cebolinha, sou fã do Bob Esponja, gargalho no meio do trânsito se me lembro de algo engraçado, choro no meio da noite por um pesadelo ou por uma lembrança triste, sou capaz de passar horas ocupada em um desenho ou olhando plantas e formigas no quintal, vou visitar gente semi-estranha no hospital se acho que isso os fará se sentirem um pouco mais queridos e necessários, não lido bem com conflitos, adoro cozinhar as receitas que gosto, pijaminha e um filme é um programa mais que tudo-de-bom para mim, e me sinto desconcertadamente atraída por caras altos.

Confesso que há vezes em que eu, desligada e ET, me sinto um verdadeiro Joey do Friends: não entendo nada que as pessoas estão falando e fico balançando a cabeça com cara de séria e compenetrada e morrendo de fazer hora de mim mesma por dentro.

Eu acho que no fundo, sou realmente uma phony. Fico andando por aí com essa cara de gente séria e entendida quando na verdade as coisas não são bem assim.

É muito legal escutar pessoas que parecem saber do que estão falando. É show mesmo. As pessoas estão cada vez melhores em suas teorias críticas por sobre o mundo, fatos e outras pessoas.

E confesso que às vezes até me convencem realmente.

Mas sempre me vem à mente uma historinha que se passa entre o Franjinha [o inventor da turma da Mônica] e o Zé Luiz [o intelectual da turma]: o Zé Luiz, sempre muito inteligente e sabedor de tudo, tinha chegado a um nível tão elaborado de diálogo que não se fazia entender pelo resto da turma. Franjinha então lhe lança um desafio: lhe mostra uma flor e lhe pede que diga o que acha dessa.

Zé Luiz, tomado de uma inspiração poético-científica começa sua descrição elaborada: um vegetal da classe tal, que tem por características tais, e reproduz-se de tal forma e sua beleza vem sendo retratada por vários artistas dos séculos tais, tais e tais... Franjinha balança a cabeça e diz com um tom de desaprovação: Diga apenas que a flor é bonita.

Zé Luiz se vê podado de sua eloqüência: “Isso é desvalorizar sua descrição por demasiado” – frustra-se ele.

Moral da história: às vezes as coisas deveriam ser bem mais simples do que o que as pessoas as fazem.

E eu, bem, tentarei seguir acreditando em todas as coisas que fazem meu coração rir, e tentarei seguir o sábio conselho de dançar como se não estivessem me olhando.

Das duas uma: ou sou uma acadêmica medíocre, ou tomo para mim o desafio de acreditar no que a maioria não acredita.

Como eu sou eu, voto na segunda opção: e digo até que já estou acostumada com esse papel.

Elaine, um brinde, por favor! :]


3 comments:

Jana said...

Qdo conheci a Lana, ainda estávamos na universidade, na graduação. Eu de publicidade, ela de jornalismo. Fizemos uma cadeira juntas, e ela me deixou intrigada, pq apesar dela ser grandona, estava com a perna quebrada como se fosse uma menina peralta, que queria escalar pra comer o biscoito proibido de cima da geladeira.

Já tinha gostado dela ali, mas fui gostar dela mesmo, qdo um professor nos incubiu da terrível e dolorosa tarefa de levar para sala algo que representasse a coisa mais linda do mundo pra gente.

Eu, a estourada, cafeínada, de coração promíscuo levei um espelho. E passei na classe, disse q tudo o q ele refletia, era a coisa que eu mais amava e que era lindo. Tudo e todo mundo era lindo. A Lana levou a foto dos pais dela, duas imagens exemplar e amores imensos a quem ela podia se espelhar.

Acho que é por isso que ela acredita em amores que duram vidas inteiras, em filhos crescendo saudáveis e cheio de amor e proteção. Acredito tb, refletiu no meu espelho :)

Não fiquei muito amiga da Lana na UNIFOR. Nem sei o porquê. Nos encontramos de novo na UFC, só pra saber que ela não queria nada com nada com jornalismo, e eu corria da publicidade.

Nem aprendi assim, um tantão de coisa na pós. Mas, apre(e)ndi a Lana. Sei que qdo ela ri, é com o corpo todo, e é contagioso, que nem pedra que a gente joga no meio do rio e faz circulos multicoloridos maiores e maiores. Sei que em festas, mesmo qdo odiamos dançamos com a nossa mais absoluta ridicularidade, fazendo um trio com a Elaine.

Ela é uma flor bonita.

Amor,
jana

Jana said...

mas a vaca não me contou qdo era o aniversário dela!

Quarta-feira, Lana.

Q-U-A-R-T-A-F-E-I-R-A.

Anonymous said...

Great work.