Saturday, September 30, 2006


[abelhinha]*



Essa história de mel é osso.

E quando se é abelha então, pode apostar: mel não só dá doce não, mel dá trabalho.

Abelhinha indo e voltando, catando pólen, queimando caloria [e ficando, sabe Deus como, ainda rechonchudinha], com o balde indo e vindo para fabricar o mel. E desvia de um espinho, e escapa de uma mão, e esbarra em uma cerca. Mas não descansa: mel há que ser produzido.

E segue a abelhinha, sempre fabricando mel.

Tem safras em que as flores não estão lá tão bonitas e o mel não sai tão doce. Mas ainda assim a abelhinha se esforça, sai mais longe para procurar, mergulha fundo nas flores trabalhosas e sai cavando qualquer pequena semente que ajude a criar mel. Nem sempre tem sorte, é verdade: há flores que não estão podendo ajudar no mel naquele instante; há flores que um dia já fabricaram as sementinhas, mas hoje estão cansadas; há flores que não querem saber disso não.

E a abelhinha sabe que flores são todas diferentes: e que há aquela que é melhor no perfume do que na semente, e há a que prefere trabalhar bem muito em sua cor, e há aquela que quer crescer bem alto para competir com as árvores, há a que não queria ser flor e se fantasia de arbusto, e há a que está ocupada porque já já vai se transformar em fruto.

Mas sabe o que é?
Mel é doce.
E a abelhinha bzzz bzz cafoninha, sabe de uma grande verdade: não dá para viver sem doce não.

Por isso que o mel, mesmo dando um trabalhão, mesmo às vezes tendo que ser procurado nas flores mais distantes, nas flores mais fracas, nas flores que até já nem querem saber disso, o fato é, bzz bzzz, que ele tem que ser procurado.

E a abelhinha solta a mais cafona das frases para que se entenda direitinho: quando se procura, sempre se acha o mel.



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porque metáfora é um sorriso para mim

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