Saturday, September 02, 2006

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[I]
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[O Vento]

É uma coisa engraçada, até.
Se o tempo está frio,
Ninguém o quer.

Se está quente,
E ele vem de repente,
É como um sussurro gostoso no ouvido
É como uma lágrima que vem de um sorriso

O vento nunca é indiferente
Sempre se sente o vento.

Ele anda pelo norte
E passeia pelo sul

Dança com as árvores mais altas
E vive de mãos dadas com pequenas folhinhas

Não se pode descrevê-lo
É bem verdade.
Pode alguém pintar o vento?

Mas o vento vem
E faz carinho no rosto
E brinca com bandeiras
E derruba coisas de prateleiras
E inclina a chuva
E leva a poeira para passear.

O vento é um senhor ocupado.
Anda sempre muito atarefado.
A mostrar novos caminhos.
A querer novos carinhos.
A viajar.

Sempre sempre a viajar.


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Queria pedir ao vento que parasse um pouquinho em mim.
Mas vento parado não é vento.


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[II]
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[O Vento]

Um assobio no ouvido. Um cafuné na nuca. Uma mão tocando de leve o braço. Roupas balançando. Árvores dançando. Redemoinho de poeira na calçada. Bandeiras vibrando por si só. Crianças e cata-ventos de papel. Pipas flutuando e colorindo o céu. Mão segurando chapéu. Areia indo passear. Papel brincando de avião. Janelas uivando para a lua. Saia dando susto. Calor indo embora. Pássaro voando. Pulmão cheio de ar. Dedo apontando um caminho. Ondas. Vela que aprende a nadar. Molhado que vira seco. Quente que vira frio. Varanda com rede. Cafuné no rosto. Esperança dizendo oi.



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Porque em dias de um tom de azul que não gosto, eu tenho o Asdrúbal e o Asdrúbal me tem.

[e até hoje ele não cansou de mim, ora veja só]

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